LOJAS RENNER - Resultado no 1º Trimestre de 2018
Números sólidos apesar de one-offs, com resultado acima do esperado na financeira
Os resultados da Lojas Renner vieram forte no 1T18, na nossa visão, com os números ultrapassando nossas estimativas do top line ao bottom line.
Na verdade, esperávamos que as temperaturas acima da média no final de março impactassem negativamente as vendas da companhia, o que, no entanto, acabou não se materializando. Assim, a receita de mercadorias veio 1,3% acima das nossas projeções, crescendo 13,3% a/a no trimestre, e bem acima da média de mercado de -0,5%, de acordo com o IBGE (para os primeiros dois meses do ano).
No segmento financeiro, o top line veio ainda mais forte, 10,6% acima do que esperávamos, expandindo 27,0% a/a. A rentabilidade também foi uma surpresa positiva, com a margem bruta total atingindo 62,0% (+2,2 p.p. a/a e +1,4 p.p. A/E) e uma margem EBITDA consolidada chegando a 18,1% (+2,4 p.p. a/a e +1,8 p.p. A/E).
O bottom line também melhorou substancialmente e o lucro líquido atingiu R$ 111 mi (+66,4% a/a e +30,5% A/E), levando a uma margem líquida de 8,0% (+1,9 p.p. A/E).
É fato que, tanto a exclusão do ICMS da base de cálculo do Pis e Cofins quanto o efeito positivo gerado por contratos de hedge, beneficiaram as margens operacionais no trimestre, mas, mesmo desconsiderando estes efeitos, a LREN foi capaz de apresentar um nível maior de rentabilidade a/a.
O único ponto de atenção, na nossa visão, foi o aumento de 70,2% a/a na queima de caixa livre no período, o que, no entanto, já era esperado, dado o atual nível mais elevado de investimentos em Capex e alterações na política comercial da companhia para o 1T18, com maior nível de estoques, visando evitar problemas de abastecimento.
Em geral, seguimos otimistas em relação ao case de investimento da companhia e mantemos nossa recomendação de Outperfom para LREN3, com preço alvo de R$ 45,60 para o final do ano.
Em nossa opinião, a Lojas Renner continua sendo a empresa mais bem posicionada para liderar o movimento de consolidação do segmento de vestuário no Brasil nos próximos anos. LREN3 está sendo negociada a 35,5x P/L e 18,8x EV/EBITDA para 2018, de acordo com as nossas estimativas, contra uma média histórica (últimos 5 anos) de 25,2x e 13,7x, respectivamente.
Desempenho do varejo veio forte novamente...
A receita líquida aumentou 13,3% a/a durante o 1T18, para R$ 1.398 mi (+1,3% A/E), refletindo um maior tráfego de pessoas dentro das lojas, um sortimento mais assertivo e um aumento no ticket médio (+2,0% a/a).
As vendas em mesmas lojas cresceram 6,3% a/a, cerca de 2,4 p.p. abaixo das nossas projeções, contra uma forte base comparativa de +9,1% do 1T17.
Durante março, tanto a região sudeste quanto a região sul enfrentaram temperaturas acima da média, o que acreditamos ter pressionado o desempenho de vendas em mesmas lojas. Olhando para cada uma das bandeiras, todas apresentaram uma boa performance, com as vendas crescendo 12,4% a/a na Renner, 18,9% a/a na Camicado e 42,0% a/a na Youcom.
... com rentabilidade sustentável.
A margem bruta do varejo aumentou 1,8 p.p. a/a no trimestre, para 56,2% (+1,0 p.p. A/E), sendo 0,9 p.p. oriundos do efeito positivo da exclusão do ICMS da base de cálculo de Pis e Cofins e 0,6 p.p. advindos do efeito positivo de instrumentos de hedge cambial.
Excluindo os itens não recorrentes, a margem bruta teria aumentado 0,3 p.p. a/a, para 54,7%, refletindo uma melhor gestão de estoques e menores remarcações de preços.
Quanto à margem EBITDA ajustada, a mesma expandiu 1,5 p.p. a/a, em um ritmo menor que a margem bruta, atingindo 10,5%, pressionada pela elevação de 14,6% a/a das despesas com VG&A.
Embora racionalização de custos continue sendo um foco, alguns fatores acabaram pesando sobre as despesas, dentre os quais destacamos:
(i) a atual estrutura de custos mais robusta, devido ao processo de internacionalização da companhia e
(ii) o acelerado ritmo de abertura de lojas.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do desempenho das LOJFAS RENNER no 1º trimestre de 2018, elaborado por PAULA CANTUSIO, CNPI, Analista Sênior, e FÁBIO CESAR CADOSO, CNPI-P, Analista, ambos do BB investimentos